quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Saudades!

Ao meu irmão Artur

Deu- me sua mão!
Caminhamos... Ao lugar de destino,
Ou sem direção,
sem pretensão.
Apenas vivendo, compartilhando, curtindo
nossa pura e verdadeira inocência...
Afinal somos irmãos... nada de queixas, nada de dor...
De separação...

Ah se soubesses a seguraça e proteção que eu sentia quando seguravas minha mão...
Logo, tomada de inquietação por uma gravata mais uma vez perdida,
voltavas pelo caminho a procurá-la e confortavas a minha frágil alma,
ao encontrá-la sem soltares a minha mão...

Mas, o tempo passa, as crianças crescem...
Tu fostes embora rumo ao teu destino, rumo à tua vida
Eu fique tão só, "desprotegida"...
Que saudades da nossa infância hoje tão longe, porém jamais esquecida!
Te amo... Me amavas...

Sigamos, então! Tu já ao lado de Deus; eu breve, em tua direção...
Shirley

Mensagem do meu sobrinho por ocasião da morte do meu irmão Artur



Quem sou eu:

Nossos Pais descobrem que um ser está para nascer e trazer as suas vidas um brilho de luz.
A cada sorriso, palavra, olhar ou suspiro, uma cachoeira de lágrimas parece inundar seus olhos de alegria e paz.
Nos tornamos adolescentes e a busca pela independência é cada vez mais clara. A nossa vontade de conquistar espaço nos distância de quem sempre nos amará, esquecemos a família. Esquecemos de dizer o quanto os amamos.
Mas um dia nossos entes queridos se vão. Quando menos esperamos e sem nenhum aviso, Deus tira de nós o que mais amamos.
Em nosso peito apenas a dor de um punhal que a cada "meus pêsames" parece pesar.
Nossos pensamentos divulgam para cada gota de sangue em nosso corpo a culpa de nunca ter dito: "te amo"; "preciso de você", "estou sempre aqui", "me preocupo", e como se não bastasse vem à frase mais forte "a culpa foi minha".
Nossos sonhos caem por terra, nossa independência parece perder a importância.
E a resposta para essa dor? O tempo; e uma certeza:
Quando amamos transmitimos em pequenos atos e gestos, e as palavras não importam mais; quando precisamos de alguém, sentimos sua presença, e as palavras não têm mais sentido; quando nos sentimos sós e abandonados, surge uma palavra ou um gesto e descobrimos que nunca estaremos sós.
E a culpa? A culpa é da vida que tem inicio, meio e fim. A nossa culpa está apenas em amar tanto e sentir tanto perder alguém.
Mas o tempo é remédio e nele conquistamos o consolo, com ele pensamos nos bons momentos. E com um pouco mais de tempo, transformamos nossos entes queridos em eternos companheiros.
Nossos sonhos ganham aliados, nossa independência ganha acompanhantes, nossa vida conquista anjos. E no fim apenas a saudade e uma certeza:
Não importa onde estejam, estarão sempre conosco.